Segunda, 16 de setembro de 2024
Escrito por Priscila Souza, Pedagoga e MBA. Design Thinking e Gestão de Pessoas.
O medo do novo é algo que gera certa resistência, mas levando em consideração que as metodologias ativas apresentam diferentes formas, podemos entender que ela poderá ser aplicada para todos. E por que elas são necessárias em nosso contexto atual?
Bom, de início é fundamental observar que uma metodologia é o estudo de caminhos para chegar em determinado fim, a saber no campo educacional, a compreensão, pelos alunos, dos conteúdos. Porém, nem sempre a forma com que era passado nas escolas era eficaz.
Isso ocorre por conta do próprio método tradicional de ensino ser ultrapassado para a compreensão de diversos alunos. Afinal, muitos estudantes não prestavam (prestam) atenção nas aulas e ficam apenas “olhando a nuca do professor e do colega da frente”, com total desinteresse em relação ao método expositivo.
A empatia de se colocar no lugar do aluno foi fundamental para pensar em outras metodologias, criando, inclusive, as metodologias ativas. Para muitos, se torna apenas um lazer, um momento de brincadeira, mas a clareza presente é que faz a diferença no processo de autonomia do aluno. O aluno pode se reconhecer, explorando diversos métodos. E do mesmo modo, o professor também, tendo mais liberdade em criar estratégias que o faça sentir à vontade com seu trabalho.
Mas as metodologias de aprendizagem devem levar em conta o processo do aluno, junto à organização pedagógica da instituição. Nem todo modelo, por mais dinâmico que seja, gera autonomia para o indivíduo. Isso cabe ao próprio aluno decidir.
Porém, para que tenha esse “leque” de opções e descobertas foi necessário a criação e adoção de metodologias ativas. Elas se tornam definitivamente ativas quando são inseridas na sociedade e na consciência do aluno, quando este reconhece o que estuda, no dia a dia.
A liberdade proposta nas metodologias ativas também diz respeito aos métodos tradicionais, caso o aluno se sinta mais à vontade. A formação de diversas turmas até hoje, nesse modelo, comprova que existe também um lugar para aqueles que preferem as avaliações em prova, sentado, em silêncio, e isso não tem problema. O que não era bom era oferecer apenas essa metodologia como perfeita e única.
A grande novidade à cada metodologia ativa usada é entender, cada vez mais, a necessidade de ampliar os horizontes e possibilidades para os alunos. É perceber, como professores, que sempre haverá mais um caminho, algo a aprender, e uma solução para lidar com qualquer conflito pedagógico.
A necessidade de mudança dentro das salas de aula deve acompanhar as mudanças da sociedade em que a escola está inserida. O professor deve mediar o estudo de certos conhecimentos, da melhor forma possível, de acordo com aquilo que ele reconhece, a escola investe, e o aluno aplica.
Toda escola pode ter uma metodologia ativa, como por exemplo: sala de aula invertida, ensino híbrido, gamificação, debates, solução de problemas, cultura maker, storytelling.
O significado de ativa é: 1. Parte principal em qualquer ato. Então podemos dizer que são metodologias do aluno. O aluno como agente ativo do processo de assimilação do conhecimento.
O centro dessa autonomia inicia na credibilidade que o professor dá ao que o aluno traz como bagagem e oferece para estudo. Palavras de negação, preconceito, de silenciamento, causam resistência da parte do aluno em perguntar, em sair dessa “caixa” que tem se tornado a sala de aula.
E as metodologias ativas só fazem sentido quando um aluno se identifica com aquele modelo. Quando relaciona os debates e estudos com seu respectivo estilo de vida e suas questões. Para isso, em um mundo utópico, cada aluno tem oportunidade de deixar sua marca em sala de aula, ter autonomia não só para construir sua metodologia e processo de aprendizagem, como contribuir para o crescimento do outro, e isso inclui alunos, professores e coordenação.
Mas para isso, em um mundo pedagógico, isso se chama Educar. Não é formar, construir, montar, é direcionar, inspirar. Como Paulo Freire dizia “Educação não transforma o mundo. Educação transforma pessoas. Pessoas transformam o mundo”. São alunos ativos para pensar em metodologias ativas. Alunos cientes da sua missão e capacidade. E professores que vão acompanhar e ser essencial nessa descoberta também.
A maior dificuldade hoje em dia, creio que tem sido aplicar tais conceitos. A maioria dos pedagogos já ouviu que vivem em um mundo de fantasia. Mas que criança não se encontra e realiza nesse mundo? A maioria, pelo menos, se vê como um herói, heroína, príncipe ou princesa. Agora temos que fazê-los verem como atores principais do processo de aprendizagem. Um mundo real é um mundo que faça sentido para determinada pessoa. Assim, as metodologias ativas também devem fazer sentido para quem as aplica e as recebe.
O importante é acompanhar o desenvolvimento de cada indivíduo e como ele se adapta a cada abordagem pedagógica. Essas metodologias podem ser utilizadas, e adaptadas, a qualquer instituição de ensino.
Sabemos que o apoio, financeiro principalmente, ainda é escasso, mas também falamos sobre as crianças serem o futuro. Ou seja, se investirmos nelas agora, com o que temos e acreditamos, no futuro não faltarão verbas, apoio, pois elas foram frutos de uma educação digna e acolhedora.
O problema da aplicação do método tradicional é seguir uma linha que, para muitos, já não funciona. Em tempos de avanço não podemos nos prender à um modelo único e perpetuar essa ideia como verdade absoluta. Entretanto, para aplicar as metodologias ativas é necessário treinamento, capacitação, renovação, e participação de diversos grupos de crianças. Seria fácil demais cair na mesma, de elaborar mais um método que daqui a pouco também não será mais eficaz.
A proposta das metodologias ativas não pode ser “engessada”, há técnicas, nomenclaturas, mas há um propósito maior, que se abre há apenas uma discussão: “o que será melhor para professores e aluno?”. Esse pensamento deve mover currículos, abordagens, metodologias, estudos, para isso é necessário que professores mantenham mente e olhos abertos.
Como pedagogos e educadores, temos que estar abertos a considerar os lados positivos e negativos de cada metodologia. Para isso, é necessário entender a necessidade do mundo atual, começando pelos seus alunos. A interdisciplinaridade é um conceito que abrange diversas disciplinas que podem “conversar” entre si, mas também deve conversar com os alunos.
Ao pensar no termo “ativo” temos em mente algo que já está acontecendo/funcionando. Ou seja, tais metodologias tem que fazer sentido no presente. Esperar que todas as escolas do futuro sigam determinada vertente pedagógica é inútil.
O processo de aprendizagem é contínuo e gradual, além de levar em consideração toda forma de aprendizagem. Não existem “tipos” de alunos, existem as metodologias ativas e como cada um reage à exposição dessas.
É importante entender sobre processo de aprendizagem, mas a parte principal é reconhecer que cada um é um indivíduo. Mas existem estudos que se aproximam da realidade e auxiliam nossa compreensão.
Seria insano pedir para decorar a Pirâmide de William Glasser e o professor tentar analisar no dia a dia corrido da sala de aula. Mas é totalmente natural e plausível que os professores saibam aplicar essas metodologias de aprendizagem. A proposta das metodologias ativas não é apenas aplicar teorias, mas provas que elas são práticas também.
Analisando as partes presentes nessa pirâmide, encontramos pontos que são destaques em cada metodologia ativa, inclusive no método tradicional. Ler, escutar e ver, além de ver e escutar, que fazem parte do conjunto de Aprendizagem Passiva, se encaixam na rotina da metodologia tradicional. E ao completar os 100% podemos perceber que é eficaz, mas não significa ser universal, para todos da mesma forma.
Nunca deverá ser 100% de um lado apenas, de um segmento e método. Sempre será 100% do aluno, seja nas formas que ele encontrar facilidade. Conversas, debates, práticas, e ensinar os outros são mais difíceis para os alunos mais tímidos, e isso não deve ser motivo de exclusão.
A ideia da pirâmide em reconhecer e atribuir números ao processo de aprendizagem gera também, em muitos professores, uma pressão para cumprir e encaixar os alunos no que parece ser mais eficaz. A prática desses pontos deve ser analisada em cada caso, respeitando os respectivos processos dos alunos e procurando estabelecer conexão com alguma metodologia ativa.
Visto que para o aluno todo esse conhecimento faz parte de um processo, assim deve ser para o professor. O processo de inserção das metodologias ativas deve ser estudado e moldado em cada realidade, respeitando o ritmo e as necessidades dentro e fora de sala de aula.
Lembrando que por mais que o futuro seja ilustrado com robôs, não devemos tornar a ação de educar/ensinar algo robotizado, preso no tempo!
Sendo assim, e já citadas anteriormente, vamos explicar um pouco mais sobre algumas metodologias ativas:
Em um panorama dessas metodologias devemos pensar e analisar cada uma dessas pensando nos tipos de aprendizagem que temos dentro de sala de aula. Alunos com facilidades e dificuldades distintas, estudando na mesma sala e o mesmo conteúdo. A grande dificuldade do professor: compreender e interligar cada aluno com a exposição do conhecimento. Para compreender melhor cada tipo de aprendizagem que podem ser contempladas e associadas às metodologias ativas, segue alguns exemplos:
De acordo com David Kolb, também existem quatro tipos de aprendizagem diferentes:
Para identificar cada metodologia que se aplica ao indivíduo é necessário estar aberto a compreender e aplicar cada uma, se necessário, até encontrar o modelo para aquele determinado aluno ou turma. Lembrando que existem diversas vertentes escolares/pedagógicas para atender ao máximo as necessidades.