Terça, 3 de setembro de 2024
Escrito pela professora Maria Inês A. Pereira.
Este artigo consiste no questionamento do atual trabalho docente universitário e traz a necessidade de rever urgentemente propostas inovadoras na formação de professores, principalmente os que atuam no curso de Pedagogia, para adequá-los às novas necessidades tanto no processo ensino aprendizagem quanto referente à tecnologia como uma das ferramentas necessárias ao trabalho. Nesse sentido, espera-se que os professores despertem para o uso midiático e que, ampliando esse conhecimento, reverberem-no nas suas metodologias pedagógicas.
O principal objetivo deste trabalho é mobilizar as políticas públicas quanto a necessidade de renovação na formação de professores para que eles saiam preparados frente ao uso da tecnologia, ressignificando suas práticas pedagógicas.
Nesse texto será apresentado uma reflexão acerca da necessidade urgente de inovação formação docente.
Palavras chaves: formação de professores; inovação e tecnologia.
A formação docente em nível superior para a Educação Básica se tornou necessária a partir da sanção da Lei 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Na época, essa exigência gerou muita polêmica e criou-se uma diversidade nas formações dos professores. Porém, apesar da nova lei 9.394/96 ter tido o propósito de revolucionar o Curso de Pedagogia, ainda assim a maioria os professores continuaram apenas como transmissores do conhecimento, isto é, de forma tradicional levando o professor a ser o centro das atenções. Essa didática se perpetuou por muitos anos, porém essa prática não atende mais aos estudantes contemporâneos. Estamos na era da tecnologia/digital e, desde que essa inovação tecnológica surgiu, há a necessidade urgente de formar estudantes com pensamentos críticos já na base, ou seja, na educação básica. Vivemos em uma sociedade cujos valores e comportamentos andam em grande velocidade .
Além de curiosas, as crianças de hoje são muito ativas desde cedo e portanto a educação precisa acompanhar essa evolução e direcioná-las de forma horizontal, inserindo-as no processo de construção do seu conhecimento.
Com o avanço tecnológico no mundo contemporâneo, as novas tecnologias se tornaram essenciais nas práticas sociais e pedagógicas e, dessa forma, é necessário que essas práticas, por meio de diversos canais de comunicação, acompanhem todo esse desenvolvimento tecnológico, pois elas despertam interesses e desenvolvem o protagonismo do estudante.
Ajudar nossos estudante a preparar-se para o futuro, bem como a viver melhor no presente, significa investir efetivamente em sua aprendizagem para a autoconstrução individual e coletiva. Será que temos feito isso? (LUCKESI, p. 33, 2011).
Partindo do princípio que o estudante contemporâneo desde cedo já está conectado na era tecnológica, como fica a situação do professor frente a sua didática, aos seus procedimentos metodológicos se esses conhecimentos não forem aprimorados no campo universitário na sua formação acadêmica?
A chegada cada vez mais rápida e intensa das tecnologias (com o uso cada vez mais comum de computadores, Ipods,celulares,tablets etc) e de novas práticas sociais de leitura e escrita (condizentes com os acontecimentos contemporâneos e com textos multissemióticos circulantes) requerem da escola trabalhos focados nessa realidade. (ROXO;MOURA, p. 99,2012).
Portanto, para os docentes que já atuam, é necessário, prementemente, de formação continuada para que eles se vejam enquanto protagonistas da sua própria ação, pois somente assim eles terão capacidade de transformar sua prática pedagógica.
Para os que pretendem ingressar no curso de Pedagogia, terão que encontrar na universidade professores com competência didática tecnológica para, assim, formá-los, tornando-se necessário uma verdadeira revolução acadêmica.
Recentemente, no momento pandêmico, vivenciamos um grande número de professores em estado de profundo conflito diante da falta do domínio tecnológico. Ficou nítido o despreparo do professor frente à necessidade de utilizar as ferramentas tecnológicas e virtuais, já que não era possível lecionar presencialmente. Assim, além da angústia causada pela pandemia, ainda viveram o terror do mundo virtual.
Diante dessa situação que vivenciamos, é perceptível a negligência na formação acadêmica e a urgência na reforma das políticas públicas, referentes á formação de professores, preparando-os com práticas pedagógicas universitárias, uma vez que já estamos atrasados porque já vivemos há muitos anos na era tecnológica e, ultimamente, vivenciando a era da Inteligência Artificial (IA).
Com todo esse avanço digital, torna-se inadmissível os docentes ainda serem preparados para utilizar lousa e giz na construção das aprendizagens das crianças.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
CALDAS, W. Morin defende formação do intelectual polivalente. O Estado de São Paulo. Caderno 2/Cultura. p. D4. Domingo, 9 de julho de 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessáriosà prática educativa. 56ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018
FREITAS, H. C. L. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Educação & Sociedade, Campinas, SP, v. 23, n. 80, ago. 2002.
GATTI, B.A. Formação de professores no Brasil. Características e problemas. Educação e Sociedade, v. 31 no. 113. Campinas: São Paulo, outubro-dez.
LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da Aprendizagem. Componente do ato pedagógico. 1.ed. -São Paulo: Cortez, 2011.
ROXO, Rojo; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramento na escola, São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
SAVIANE, D, Educação e Questão da Atualidade, São Paulo, Cortez, 1991